Pirro | 22 de Mar de 2018 - 04h03

Fafen e demagogia

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Fafen-SE teve prejuízo de R$ 600 milhões em 2017


Chega a ser cômica a peregrinação de deputados e senadores sergipanos a Brasília para tentar evitar o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) em Sergipe. Essa atitude só demonstra, além de demagogia, completo desconhecimento dos políticos de como a estatal Petrobras, dona da fábrica, opera, ainda mais depois de ter sido saqueada pela quadrilha do Petrolão.
Para começo de conversa, o ramo de fertilizantes sempre foi uma pedra no sapato da Petrobras, nunca deu o lucro esperado, e a venda desses ativos já era prevista até bem antes do início dos escândalos de corrupção na empresa. A Lava Jato só tornou a necessidade de se desfazer da Fafen mais urgente.
A Petrobras teve prejuízo de R$ 800 milhões com as unidades da Fafen na Bahia e Sergipe (R$ 600 milhões aqui) em 2017. O tamanho do rombo é tão grande que a empresa prefere deixar as fábricas fechadas, à espera de um comprador, a ter que operá-las até a venda. Verdade seja dita, atuar no ramo de fertilizantes nunca foi o forte da Petrobras, a empresa pensa em se livrar de tais fábricas desde que a finada Nitrofértil virou Fafen, só não havia feito isso ainda por pressão política, afinal, como estatal, ela preferia perder dinheiro a ser gerida como qualquer outra empresa. A política artificial de preços de combustíveis implantada por Dilma Rousseff que o diga: R$ 55 bilhões de prejuízo entre 2010 e 2014 somente! Isso é só um exemplo de como políticos não podem se meter em estatais.
Ah, mas a empresa gera empregos. Ah, mas e os impostos perdidos com o fechamento dela? Pura balela! Mesmo que a empresa mantenha as fábricas da Bahia e Sergipe funcionando, elas não darão lucro; sem lucro, não há imposto arrecadado sobre ganho. E os funcionários, até o momento, segundo a própria Petrobras, serão remanejados para outras unidades. Fora que o quadro de operários já vem sendo reduzido desde que a Nitrofértil virou Fafen, mas nenhum político local percebeu!
Ah, mas se a Petrobras está pondo as fábricas à venda é porque o negócio é viável, isso é venda do patrimônio do povo, é crime de lesa-pátria! Assim argumentam os defensores do Estado grande, quase todos não entendem patavina de economia. A estatal está vendendo os ativos porque precisa de dinheiro em caixa para sair do buraco aberto pelo Petrolão, e também porque não deseja mais atuar num ramo que não é o principal dela, afinal a Petrobras explora petróleo. A empresa que demonstrar interesse na Fafen, já há grupos da Noruega e Rússia interessados, fará isso dentro da área de atuação dela, e terá recursos para investir, coisa que a Petrobras saqueada não tem.
O que é melhor? Manter uma empresa sucateada por falta de recursos para investir e deficitária, mas agarrada à Petrobras ou vendê-la para que outro grupo gere emprego? Não pergunte isso a um sindicalista, ele prefere manter o atraso e o emprego dele numa estatal sempre!
Engraçado é que nenhum político sergipano fez peregrinação a Brasília quando a Vale, empresa privada, desistiu do projeto da carnalita em Sergipe e vendeu seus ativos à empresa americana Mosaic. A Vale abandonou o projeto de exploração do minério entre Rosário e Capela porque ele se tornou inviável economicamente. O preço da commodity caiu e a empresa percebeu que, no longo prazo, o investimento não compensaria o lucro, preferindo se concentrar na área prioritária dela, que é o minério de ferro. Igualzinho o que a Petrobras faz agora com a Fafen. Alguém chiou?
Os políticos sergipanos deviam ter se ouriçado quando a Petrobras começou a ser roubada no Petrolão. Agora, Inês é morta, mas tenta ressuscitar vendendo ativos. Essa defesa tardia da Fafen, que eles não sabem nem por que defendem, só cheira a desinformação e jogo de cena em ano eleitoral.
 
Pirou na batatinha
 
O ex-deputado Rogério Carvalho (PT), que parece estar fora da realidade desde a condenação de Lula pelo TRF4, disse que a venda da Fafen é consequência do impeachment de Dilma. Oi? Alguém avise a ele que a venda de ativos pela Petrobras era defendida desde o governo da “impichada“, inclusive o conselho da estatal já havia aprovado a venda de 25% da BR Distribuidora em 2015. Onde Rogério estava que não viu e protestou contra isso?
 
Brasil sendo Brasil
 
Na quarta passada, em meio ao apagão que deixou o Norte e o Nordeste sem energia por quase cinco horas, vários mototaxistas aproveitaram o breu para lucrar em Aracaju. Como muita gente estava com medo de esperar por ônibus nos pontos escuros, os motoqueiros exploraram. O preço da corrida triplicou em alguns trajetos.