Pirro | 21 de Fev de 2018 - 03h02

2018, o ano que não começou

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Rejeição da Reforma da Previdência acabou com o governo Temer


Já se tornou clichê dizer que o ano só começa após o Carnaval. No entanto, em 2018, isso parece que não irá ocorrer. Pelo menos no âmbito político, a sensação é de um grande marasmo, de que nada irá acontecer, ainda mais depois da decisão do Governo Federal de suspender a tramitação da Reforma da Previdência. Não é exagero dizer que o governo Temer acabou depois disso.
A suspensão da Reforma é de longe a maior derrota do governo, e sinaliza que, em ano eleitoral, os deputados e senadores estão mais preocupados com votos em suas bases que em decisões importantes. Na verdade, segundo analistas mais próximos do Congresso, faltava clima para encarar o desgaste de uma reforma tão grande num ano de eleição.
Agora, resta a Temer requentar velhas propostas que já tramitavam no Congresso como uma agenda positiva para compensar a Reforma que não veio. Nada de novo! O Legislativo deverá cozinhar em fogo baixo as medidas do plano B de Temer, e tudo leva a crer que poucas delas realmente sejam aprovadas em ano eleitoral. Das medidas que sobraram, a da privatização da Eletrobrás se mostra a mais polêmica. Se ela não sair, será mais um atestado de fim de linha para o governo.
Essa letargia no Executivo pode representar um início de governo ainda mais difícil para o próximo presidente, independentemente de que partido ele seja. O caixa da União está em frangalhos, não há dinheiro para nada, os déficits orçamentários e da Previdência só aumentam. Quem ocupar o Planalto a partir de 1o de janeiro de 2019 terá que retomar as mesmas reformas, ou apelar para o populismo, sem, no entanto, fundos para isso. A era do Estado gastador acabou!
O mais perturbador é que nenhum dos candidatos à presidência já declarados parece se importar com esse cenário nebuloso que se aproxima. Todos eles têm propostas para a área econômica confusas, retrógadas ou em completo desencontro com a realidade. Talvez por medo de rejeição, ninguém ainda falou como lidará com reformas.
Em Sergipe, a campanha eleitoral de 2018 também deverá ser de um marasmo e de uma obviedade imensos. Mais uma vez,  o que se verá será o embate entre Jackson Barreto, através da candidatura de seu vice Belivaldo Chagas ao governo, que aglutinará a esquerda nesse bloco, e o senador Eduardo Amorim, que reunirá o bloco de direita. Prepare-se para mais ataques e uma campanha centrada em poucas propostas e em muita polarização. Sergipe também está com problemas nas contas públicas, mas nenhum candidato deverá falar durante a campanha em propostas para resolvê-los. Aqui, assim como no plano Federal, quem assumir em janeiro, também precisará lidar com a arrumação financeira. Mas, por enquanto, esse tema mais duro tem sido empurrado com a barriga e não consta em nenhum discurso dos pré-candidatos.
No meio de campanhas eleitorais vazias, falta de visão e marasmo administrativo, parece que o brasileiro e o sergipano só terão em 2018 o alento da Copa do Mundo, para quem ainda se importa com futebol de estrelas milionárias que não ligam para a Seleção de seus países. Feliz ano velho! 
 
Cortina de fumaça

A decisão de suspensão da Reforma da Previdência também representou uma derrota para o deputado sergipano André Moura (PSC), líder do governo Temer na Câmara. Como ele era um dos principais articuladores da proposta na casa, o fim da tramitação fez com que André ficasse com a sensação de trabalho em vão. Em nota à imprensa, o deputado se limitou a amenizar a situação, dizendo que a aprovação da intervenção militar no Rio de Janeiro impediria um debate mais produtivo em relação à Previdência. Na verdade, ele acabou usando a questão da violência fluminense como cortina de fumaça para a derrota da Reforma.
 
PSB espera
 
O Partido Socialista em Sergipe só deverá definir seus rumos na eleição deste ano a partir de março ou em abril. A demora está na dependência que a sigla tem de definições em outros grupamentos. O PSB, por enquanto, só definiu a prioridade de lutar pela reeleição de Valadares ao Senado. No entanto, se o partido realmente apoiar Amorim ao Governo, deverá se distanciar de um eventual apoio a André Moura, que pode disputar uma vaga ao Senado. Para tentar evitar a saia justa, Amorim pode ressuscitar a proposta de ter alguém do PSB como vice em sua chapa, nesse caso seria o deputado federal Valadares Filho. No entanto, há quem ache esse casamento improvável. A aposta mais certeira é que o clã Valadares deverá ficar quieto num primeiro turno, trabalhando somente na candidatura de Valadares a reeleição como senador. Num segundo turno, já com as cadeiras no Senado definidas, a legenda cairia forte numa eventual campanha de Amorim.
 
Operação toupeira
 
Impressionante como a Deso esburaca a Avenida Sílvio Teixeira no Jardins. Praticamente, ela recebe obras duas vezes por ano, numa situação que parece nunca terminar. Engraçado é que a obra acontece no mesmo lugar onde já foi realizada no ano anterior.