Pirro | 07 de Fev de 2018 - 02h02

Reforma da Previdência e Sergipe

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Somente dois deputados sergipanos deverão votar a favor da reforma


A votação da reforma da Previdência, prevista para acontecer na próxima semana na Câmara Federal, não deverá trazer surpresas quanto aos votos da bancada de deputados sergipanos. Desde sempre, soube-se a posição dos oito parlamentares, e, dificilmente, eles mudarão de opinião no dia decisivo.
Apenas dois deputados federais deverão votar a favor da reforma, são eles: André Moura (PSC), líder do governo Temer na Câmara, que, obviamente, não poderia ter outro posicionamento, e Laércio Oliveria (SD), que foi grande defensor da reforma Trabalhista.
Votam contra: João Daniel (PT), Valadares Filho (PSB), Adelson Barreto (PR), Pastor Jonny (PRB) e Fábio Mitidieri (PSD). O único deputado que ainda não declarou o voto foi Fábio Reis (MDB), mas há quem dê como certo o apoio dele à reforma, visto que o parlamentar de Lagarto sempre votou a favor do governo, quando se analisa o histórico de votações de emendas constitucionais.
As consequências  da aprovação ou rejeição da reforma podem, no entanto, influir no relacionamento entre o governador Jackson Barreto e o presidente Michel Temer (ambos do MDB). O empréstimo que o Estado solicitou à Caixa Econômica, no valor de R$ 560 milhões, só será liberado depois da votação do dia 20. O deputado André Moura deu o recado a Jackson: ele tem que convencer a bancada local a votar a favor da reforma.
Jackson, que sofreu um derrame no olho na virada do ano por se contrariar com essa chantagem de Temer, de só liberar dinheiro se tiver garantia de votos para a reforma, parece estar dividido na questão. Mesmo sendo um hábil negociador, o governador está ao mesmo tempo preocupado com as possíveis alianças para o pleito deste ano e com a necessidade de se atrair recursos para o Estado em dificuldade financeira.
O governador não quer se indispor com as lideranças locais que deverão apoiar a candidatura de Belivaldo Chagas ao governo, incluindo aí partidos de oposição a Temer, como o PT e PC do B, que nem podem ouvir falar em reformas. Jackson tentará se mostrar neutro para manter a base em paz?
Os constantes afagos de André Moura, que é visto para baixo e para cima com o prefeito de Aracaju Edvaldo Nogueira, mostra que a liberação de verbas em ano de crise pode ser um ótimo fator eleitoral, ainda mais quando o funcionalismo público ameaça uma greve. Salário em dia deixa o eleitor mais contente!
Jackson não pode desprezar a grana do empréstimo, nem as verbas de emendas arranjadas por André. Mas se isso significar vender a alma ao vampiro Temer, talvez faça mais sentido eleitoral ser contra a reforma e unir a base.
Uma coisa é certa, Jackson Barreto irá torcer para que a reforma não saia, pois esse será o melhor cenário para ele, assim o governador se livra do comprometimento com Temer e, de quebra, fica de bem na fita com a oposição, e pode até ganhar uma plataforma para uma candidatura sua ao Senado, apresentando-se ao eleitorado como tendo sido contra uma medida altamente impopular, mesmo sendo do mesmo partido do presidente.
 
E no Senado?
 
Já no Senado, somente a senadora Maria do Carmo (DEM) deverá votar a favor da reforma da Previdência. O senador tucano Eduardo Amorim, mesmo sendo da base do governo, já informou à direção do partido que votará contra a emenda. Ele também garante que o PSDB não deverá fechar questão de ordem em relação ao tema, o que liberaria os parlamentares para votar como quisessem, sem punição. O senador Valadares (PSB) já havia se manifestado contra a reforma desde a ruptura com a base do governo Temer em junho do ano passado. 
 
PSB só?
 
Para que lado essa sigla irá nas eleições deste ano em Sergipe? O governador Jackson Barreto não quer nem ouvir falar na possibilidade de o partido dos Valadares se unir com o PT e outras legendas de esquerda numa chapa de terceira via, que poderia roubar preciosos votos de Belivaldo e de Amorim. O PSB poderia, ainda, aproximar-se de Amorim, mas teria que deixar o discurso de oposição ao governo federal em casa e espantar a rejeição que isso poderia causar, afinal, ainda há gente no partido que não perdoa a união com a direita no segundo turno para prefeito em 2016, há quem diga que Valadres Filho perdeu justamente por isso. Jackson reza para que o PSB siga sozinho, só compondo chapa para deputados, mas sem subir em palanque de ninguém.
 
É Carnaval!
 
Na próxima semana, devido ao período carnavalesco, a coluna Pirro não será postada. Ela volta no dia 21 de fevereiro. Para quem vai aproveitar a festa de Momo, vale o conselho: brinque com moderação!