Editorial | 14 de Dez de 2017 - 11h12

Frases prontas

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Faça um teste! Escolha um final de semana qualquer e procure ver quantos corpos, vítimas de homicídio, chegaram ao IML em Aracaju. Não importa o mês, a semana, a estação do ano. Com certeza, serão por volta de dez corpos! Essa tem sido a rotina da violência no Estado. De tão banalizada, nem vira mais notícia. O curioso é que, quando algum crime ainda choca, as respostas dadas pela cúpula da Secretaria de Estado da Segurança Pública, SSP, são sempre as mesmas. Faça outro teste e você perceberá um padrão.
 
Toda vez que a imprensa procura ouvir a posição da SSP sobre algum crime, os gestores da pasta lançam uma forma pronta que se molda a todas as ocorrências. No automático. O discurso não sai do “iremos aumentar o policiamento”, ou do “existem X viaturas que fazem ronda no local”, “a SSP já faz estudos para aumentar o policiamento na área”. As respostas são sempre as mesmas, mas a verdadeira solução, nunca vem.
 
Isso não significa que a SSP não aja. Muito pelo contrário! A questão é que um incremento temporário nas rondas, uma blitz logo após uma onda de assaltos, um deslocamento de viaturas depois de um ocorrido, tudo isso não resolve de forma duradora a onda de violência. As soluções dadas pela Secretaria da Segurança são pontuais e efêmeras. Um exemplo disso foi que, logo após a morte de um taxista no Marcos Freire em agosto, a Polícia Militar começou a fazer blitze no conjunto, carros passaram a ser parados e os condutores e passageiros revistados.
 
Essa operação durou uma semana. Passou a sensação (falsa) de segurança, mas, logo depois, tudo voltou a ser como antes. Ou você acha que os bandidos, ao saber dos baculejos, iriam continuar de boa, dando sopa na rua? Óbvio que deram um tempo na criminalidade, pelo menos, só enquanto a polícia estava presente.
 
Propositalmente, esse portal, na reportagem sobre a situação de violência quase endêmica em diversas comunidades da Grande Aracaju, não quis ouvir o que a SSP tinha a dizer a respeito, pois as respostas seriam meramente protocolares, genéricas e não convenceriam quem mora nesses bairros e sofre com a falta de segurança como parte de uma triste rotina.
 
O que, realmente, resolve a violência é um empenho em se ter polícia comunitária, num trabalho permanente e preventivo e, além disso, a presença efetiva do Estado como provedor de serviços. A região conhecida como Recanto dos Pássaros, no bairro Rosa Elze, em São Cristóvão, é violenta porque não há presença do poder público ali. As ruas são tão esburacadas e abandonadas que nenhuma viatura da polícia entra lá. No vácuo da falta de governo, a violência rola solta! Os moradores de lá ririam das respostas prontas da SSP! Pois saberiam que não passam de balela!