Editorial | 02 de Jan de 2018 - 02h01

Gasolina e voto

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Você nunca deve ter pensando no preço dos combustíveis na hora de votar. A alta da inflação até pode ter influenciado a escolha de algum candidato, porém, mais especificamente, relacionar gasolina com eleição não faz parte da lista de exigências do eleitor. Mas isso devia, sim, ser levado em consideração.
Há mais de duas décadas, o Brasil tem uma das gasolinas mais caras do mundo, e isso é, em grande parte, uma decisão política, ou seja, faz parte de um projeto de governo, de quem é eleito por você, amigo leitor/eleitor. Durante anos, o preço dos combustíveis foi controlado e tabelado, só podendo ser aumentado por autorização do Governo Federal.
Ah, mas isso fazia com que a gasolina não fosse tão cara como agora e não houvesse esse absurdo de se pagar mais caro quase diariamente por ela. Bom, isso é só uma parte da história. O congelamento artificial do preço dos combustíveis praticado durante o governo de Dilma Rousseff provocou um prejuízo de R$ 55 bilhões na Petrobras entre 2010 e 2014! Fora que isso não segurou a inflação nesse período, ou seja, o congelamento foi inócuo.
Antes de Michel Temer, os aumentos eram anuais ou semestrais. Isso, embora preparasse o consumidor, gerava a indexação do preço dos combustíveis, que acabava servindo como índice para reajuste de vários outros preços, como dos transportes, frete, alimentação, isso gerava uma pressão inflacionária concentrada e imediata.
Óbvio que aumentos quase que diários nos combustíveis e quase que mensais no gás de cozinha pressionam o consumidor, que perde a capacidade de planejamento e afeta os mais pobres. Já há quem defenda um reajuste escalonado, mas não pela defesa do cidadão, é que este ano é eleitoral, e menos reajustes poderá fazer o eleitor continuar esquecendo da gasolina na hora de votar.
O que governo nenhum faz, mas o eleitor devia cobrar, deveria ser tratar essa política de reajustes com mais transparência. Também não adianta vir com populismo, afinal, escalonado ou constante, o aumento dos combustíveis sempre virá. A Petrobras deve adequar sua política de forma que haja um balanço entre defasagem na venda e quantidade de reajustes, que poderiam ser bimensais ou mensais, ao invés de deixar tudo rolar ao sabor do mercado. O que o consumidor deseja é poder controlar gastos. Ninguém gosta de ser pego de surpresa na bomba!
Outra questão que também nunca é levada em conta na hora em que se fala em alta de preços de combustíveis e gás de cozinha é a carga tributária. Temer elevou as alíquotas do PIS/Confins sobre os combustíveis em julho. Só isso teve um impacto imediato de 8,22% na alta da gasolina nos reajustes seguintes. Portanto, na hora de votar, também reflita sobre candidatos que defendam a reforma tributária. Quem vota com o bolso vota mais consciente!